Tudo muito normal.

Por Carlos Rubinstein

O que você e eu estamos fazendo ao investir é adiar o consumo e aplicar o dinheiro agora, para pegar mais dinheiro de volta no futuro. Neste ponto só existem duas perguntas: Uma é quanto você vai pegar de volta, e a outra é quando.

Foi Esopo, famosíssimo escritor da Grécia antiga (bem antiga mesmo, 620ac-564ac) ao que se atribui a frase: Mais vale um pássaro na mão do que dois voando”. Como Esopo não era nenhum gênio financeiro da época ele só esqueceu de explicar quando!

Pela primeira vez na história recente do Brasil, as taxas de juros, que são o custo de pegar dinheiro emprestado, estão em seu mínimo histórico, os juros são o preço de “quando”. Eles estão para as finanças como a gravidade esta para a física. 

O valor de todos os ativos, imóveis, ações, títulos também variam, assim como o preço dos pássaros de Esopo.

É por isso que nem sempre o pássaro na mão é melhor do que dois voando. Às vezes dois voando são melhores do que um na mão.

Viajando no tempo, nos transportamos em um Delorean para a década dos noventa. Momento no qual as taxas de juros estavam baixas nos Estados Unidos, e o valor de todos os ativos estavam aumentando significativamente, porem os lucros não acompanharam este crescimento.

Menos pessoas queriam dinheiro (o pássaro na mão), então os investidores estavam pagando preços muito altos pelos dois pássaros no céu. O final desta história aconteceu no ano 2000... Terminou no estouro da bolha das “.com”.

De volta com nosso Delorean para nosso presente pandêmico, nos encontramos em um cenário onde, em parte, os juros baixos vem impulsionando o valor dos ativos após o tombo sofrido em março, e muitos investidores têm claramente deslocado a realidade do mercado acionário para uma realidade em um reino muito muito distante, onde tudo esta muito normal. Mas está? 

Vem aí pela frente um tombo expressivo do PIB, algo entre 6,5% e 10%, o valor varia dependendo da fonte. No pior caso isso retrotrai o PIB do Brasil a valores de 2010. Naquele ano o índice Bovespa fechou em 60.305 pontos, a taxa SELIC em 10,75% ao ano, a taxa de desemprego em 6,7%, o IPCA 5,91% e o investimento Anjo em startups foi de R$450 milhões.

A atual batalha contra o coronavírus não é a única que está acontecendo. Se você já passou pela batalha mental de tentar descobrir onde investir seu dinheiro, saiba que não está sozinho. De algum tempo para aqui, com a queda progressiva da taxa de juros, muitas pessoas se jogaram de cabeça no mercado de ações. Isto já não é nenhuma novidade, o número de 2,38 milhões de investidores pessoa física que a B3 publicou em Maio/20 veio com carimbo de recorde.

Não me parece que tenha muitas pessoas se perguntando se o preço de ter os pássaros voando é realmente um preço justo?

O que sustenta o valor das empresas são os lucros.

Ainda em Maio/20 1,4 milhões de Brasileiros investem em criptomoedas, 1,3 milhões no Tesouro direto e 9 de cada 10 investidores possuem caderneta de poupança. Sabe quantos investidores anjos existem no Brasil? Algo em torno de 8.000 (oito mil). Pois é, escrevo em letras para que não fiquem dúvidas.

Por que tamanha disparidade? O principal motivo que salta aos gritos é a falta de conhecimento e acesso a este tipo de investimento.

A pessoa comum simplesmente não sabe por onde começar investir em startups, nem sabe que pode colocar a mesma quantia de dinheiro que coloca no tesouro direto (ao menos isto tentamos fazer na Wiztartup). Isto significa que o investimento em empresas que atuam gerando inovação é algo que todo investidor deveria considerar seriamente na hora de montar um portfólio diversificado.

Se o coronavírus colocou às economias ao redor do mundo em xeque, empurrando em alguns casos uma queda expressiva na receita das empresas, e em outros cancelando praticamente toda receita, além de transformar o intercambio econômico em um oceano vermelho, cujas teorias de retomada de quando vai finalizar são por enquanto conjeturas.

Também, o maldito vírus, transformou em oceano azul o cenário para muitas startups. Estas pequenas empresas possuem muitas vezes grande agilidade, seja desde o ponto de vista de negócio como também no gerenciamento dos custos e do caixa.

Isto não significa que não passem dificuldades. De fato, as startups vivem o tempo inteiro em dificuldades. E, ao me ver, este seu maior defeito pode ao mesmo tempo ser sua maior virtude.

Enquanto empresas grandes e consolidadas lutam para sobre passar esta fase restritiva e de encolhimento incomum da demanda, muitas das pequenas startups encontram-se diante um cenário no qual a proposta de inovação, o valor agregado e a necessidade de se reinventar de suas irmãs maiores, tem maior receptividade. O que deixou de ser moda e passou ser uma necessidade de sobrevivência: chama-se Transformação Digital.

Logicamente isto não acontece de forma uniforme para todas as pequenas empresas.

Eis aqui um desafio adicional de encontrar bons negócios com bom potencial.

Por um lado, aqui não vai ter centenas de analistas debruçando os números da startup e escrevendo relatórios com recomendações, se isto é necessário para um universo de 350 empresas que aproximadamente tem capital aberto na B3, imagina o que é necessário para um universo de 13.000 startups?

Por outro lado, isto em realidade é a boa notícia. Porque neste tipo de investimento é você que vai estudar o negócio para tomar a decisão se vale a pena continuar com o pássaro na mão ou investir, em troca de uma pequena participação, e colocar o pássaro para voar.

Na Wiztartup selecionamos empresas para abrirem uma rodada após um exaustivo processo de avaliação do negocio, da equipe, do mercado e da proposta de valor. Os sócios investimos nosso próprio capital em todas as rodadas. O famoso skin in the game. O instrumento de investimento já está pronto e foi elaborado por advogadas experientes no assunto. Você terá que se focar em avaliar o potencial do negócio, tudo concentrado em único lugar. A decisão de investir é só sua.

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